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Vivendo os planos de Deus

  • Foto do escritor: pandradegomes
    pandradegomes
  • 21 de jun. de 2023
  • 7 min de leitura


Nossa congregação do Humaitá já não tinha mais espaço físico para tantas bênçãos e por isso em 2014 começamos a procurar um lugar maior para estender as tendas e sermos usados para abençoar mais pessoas. O lugar escolhido por Deus foi o bairro de São Cristóvão, num imóvel enorme de dois andares.


O ano de 2014 foi um ano de muito aprendizado, fazendo obras no imóvel, conhecendo a nossa vizinhança, fazendo saídas pela comunidade para evangelizar... Lá em São Cristóvão, como já podíamos imaginar, conhecemos uma realidade bem diferente da que vivemos no bairro da zona sul do Rio. Em São Cristóvão, nossa igreja é cercada por duas comunidades, a do Tuiuti e a da Mangueira. Podemos ver a pobreza e a miséria humana bem de perto.


Quando o Senhor achou que estávamos preparados, Ele nos levou para conhecer o lugar que Ele queria que fosse abençoado. O Senhor nos levou a conhecer um lugar chamado de “Prédio do IBGE”, lá conheci um número enorme de crianças vivendo no meio do lixo, sem condição alguma de saneamento básico, sem chuveiro, vivendo entre porcos e cavalos, algo escondido para quem quer fingir que não está vendo.


O meu Deus nos fez ter amor por aquelas pessoas, principalmente pelas crianças que lá viviam.


A minha primeira visita ao prédio do IBGE foi bem tímida, não sabia muito o que fazer ou falar, mas o Senhor me explicou rapidinho o que eu fui fazer naquele lugar. Quando entrei no lugar onde as crianças almoçavam, um menino agarrou minhas pernas e veio sorrindo para mim pedindo para pegá-lo no colo. O Senhor, poeta como Ele é, me disse que quando segurei aquele menino no colo, eu estava segurando o próprio Senhor Yeshua nos braços, que aquele menino de sorriso “desbotado”, palavra usada por Deus, era Yeshua sorrindo para mim. Não há como alguém duvidar disso, pois a palavra de Deus é clara sobre esse assunto. Jesus oferece oportunidades de cumprirmos o que está escrito em sua palavra várias vezes em nossas vidas.


Na Bíblia está escrito em Mateus 25:35-46:


Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.


Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar?

O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.


Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.

Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me.


E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos?


Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer.


E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna.



Começamos a nos envolver mais naquele lugar, indo na hora do almoço, indo fazer louvores lá dentro, acompanhando outras pessoas de outras igrejas que também se preocupam com aquele lugar, levando brincadeiras, palhaços, fazendo cortes de cabelo, doando roupas, sapatos...


Construímos uma quadra de futebol no segundo andar da nossa igreja e as crianças das comunidades ali em volta eram evangelizadas juntamente com o esporte oferecido a elas.


A BTY cresceu em tamanho, em bênçãos, em responsabilidades, em ajuda ao ser humano necessitado não só de oração, mas também de comida, roupa, carinho e atenção. Estávamos nos enchendo de coragem, de ousadia, até nossas orações sofreram mudanças, agora ao invés de orarmos somente por nossas próprias causas, orávamos mais também pela causa do próximo, deixamos de interceder por nós mesmos apenas para interceder pelo próximo.


Não há dinheiro que pague o bem estar de subir um monte para estender as mãos lá de cima e abençoar um lugar esquecido pelos homens, mas nunca esquecido pelo meu Deus. Pegar uma criança imunda nos braços, com nariz escorrendo, com os pés descalços, seminua, com cheiro de xixi, rodá-la no ar, fazê-la sorrir e esquecer por poucos minutos a sua realidade tão difícil.


Elas eram apenas crianças, eram puras, eram inocentes, Deus era com elas, eram os pequeninos de Deus. Não éramos nós os adultos da igreja que íamos lá para abençoá-las e fazer bem a elas, certamente eram elas que nos faziam sentir bem, eram elas que nos abençoavam, elas nos deram a chance de querermos ser seres humanos melhores.


Seres humanos sempre são resmungões, reclamam porque a água do chuveiro está fria, está fraca, que o bife está mal passado, que a gola da camisa não está bem engomada, que o edredon já está velho, que o colchão está mole, que o café está frio...


Aquelas crianças viviam lá num prédio abandonado com baratas, ratos, cheiro de mofo, frio, calor, sem água, sem comida, sem roupa, sem escolha.


Eu sei que a privilegiada com esse contato fui sempre eu. Eram elas que me abraçavam, eram elas que sorriam para mim, eram elas que se enroscavam no meu pescoço, eram elas que me pediam para rodá-las no ar, eram elas que me escalavam como se eu fosse uma montanha, e sei que Jesus me abraçava, me beijava, sorria para mim através delas. Eu precisava muito mais delas, do que elas precisavam de mim.


O mundo do "IBGE" foi uma excelente escola para entender o que é amar aquele que não saiu de dentro de si. A missionária Eliane não teve um filho do útero, ela adotou um rapaz quando ele tinha treze anos de idade e hoje ele é um pai de família que lhe deu um neto. Ela tinha cem crianças chamando por ela todos os dias. Ela lhes dava comida, bebida, amor, atenção, repreensão, correção, ensinava bons modos e acima de tudo ensinava as coisas de Deus. Isso não é ser mãe de muitos? Muitas crianças ali eram melhor cuidadas pela missionária Eliane do que por suas mães biológicas. Deus colocou muito amor em seu coração que mudou a vida daquelas crianças. Ela se preocupava com um futuro melhor para cada uma delas. Dedicava seu tempo a mudar o mundo do “IBGE”, esperando no Senhor que tudo aquilo, um dia, fosse mudar para melhor.


Como está escrito na palavra de Deus: “Mesmo que uma mãe se esqueça dos seus filhos, eu jamais me esquecerei de ti”, Deus não era esquecido naquele lugar, Ele tinha planos maravilhosos para aquelas crianças e suas famílias, Deus colocou amor sobrenatural em alguns corações, incluindo o meu e o do meu marido. Nosso Pai nos ensinou que se nós conseguimos sentir amor é porque Ele nos amou primeiro. Deus tem tanto amor por nós que nos ensinou que devemos amar ao próximo como a nós mesmos.


Embora olhos humanos pudessem ver apenas dificuldades naquele lugar, a vida estava presente ali, porque ali moravam os pequenos profetas de Deus, que farão a diferença nesse mundo tão triste.


Com o amor de pessoas como Wagner e Eliane, que dedicam até hoje a vida a essas crianças, elas estão podendo estudar, estão aprendendo a ler e a escrever, estão fazendo coral, podem ter esperança numa vida digna, podem sonhar com um futuro.


Enquanto escrevia esse capítulo, o famoso prédio do IBGE ainda existia e eu tinha meus pensamentos, que eram:


Muitas coisas já melhoraram desde que entrei pela primeira vez neste lugar, mas eu quero muito mais e meus olhos verão esse povo sair do Egito.


Por saber muito bem em quem eu tenho crido, e porque Ele disse que vai tirar aquelas famílias de lá, eu confio no Senhor que esse dia de grande milagre chegará.


Quero ver Matheus, Deivid, Sara, Kailane, Pedro, João, Laysa, Luísa, Maria Eduarda, Jennifer, Jefferson, Micael, Tayná, Maysa, Eros, Emile, Yasmin, Vitória, todos eles num futuro abençoado, sendo servos do Deus altíssimo, usando essa fase difícil como testemunho que Deus é o Deus do impossível, que Dele não se duvida, que Ele pode e faz tudo o que Ele quer.


Deus planejou minha igreja em São Cristóvão, Deus planejou mudar as vidas do Tuiuti, Deus planejou mudar as vidas da Mangueira, Deus planejou mudar as vidas das famílias do IBGE. E Deus nos permitiu participar da realização do Seu plano divino.


Devemos ter sempre um pedido para fazer a Deus: Que possamos enxergar com os Seus olhos. Os olhos de Deus atingem distâncias muito maiores do que nossos olhos podem ver. Deus pode coisas inimagináveis a nós, simples mortais de carne e osso, com mentes tão limitadas e com fé tão pequena.


Deus fez o Mar Vermelho se abrir.


Deus fez uma árvore arder sem ser consumida.


Deus transformou água em vinho.


Deus fez morto renascer.


Deus caminhou sobre as águas.


Deus fez uma jumenta falar.


Deus alimentou 5000 pessoas com cinco pães e dois peixes.


Deus tirou uma moeda da boca de um peixe.


Deus curou uma mulher com um fluxo de sangue.


Deus curou a sogra de Pedro.


Deus formou um bebê no ventre de um virgem.


E eu pensava: Por que eu vou duvidar que Deus faz e fará milagres em São Cristóvão e no IBGE?


E eu sei que não nasci para ficar sentada no sofá assistindo novelas. Eu nasci para adorar a Deus e trabalhar para Ele. Hoje em dia, eu sei para que eu nasci. Eu nasci para servir ao próximo, eu nasci para amar ao próximo, eu nasci para ajudar o mundo a ser um pouco melhor. Eu preciso ajudar esse mundo a chamar pelo Nosso Senhor Yeshua.


Eu sou um projeto de Deus que precisa dar certo. Eu não posso fazer o Senhor passar vergonha por minha causa.


Eu preciso ajudar o mundo a ser um lugar melhor para o meu filho.


Eu quero ouvir de Deus que eu fui sua parceira em seus projetos, que eu caminhei ao Seu lado e um dia eu direi: Senhor, valeu a pena!!!


Nada disso que contei para vocês teria acontecido se eu não tivesse sido movida pela fé. Foi pela fé que meus olhos puderam ver tantas bênçãos e é pela fé que aguardo pacientemente no Senhor por mais vitórias, mais alegrias, mais bênçãos.


Deus me diz que: Os planos de Deus nunca são frustrados.


Pode me surpreender Pai, porque eu sei que o melhor ainda está por vir.


E um dia, na verdade, no dia das mães de 2018, o prédio do antigo IBGE foi implodido. Aquele lugar hoje não existe mais. E Deus tirou o Seu povo do Egito com mão poderosa. Que todas aquelas famílias que conheci e fizeram tão bem à minha vida estejam bem guardadas debaixo das mãos do Senhor. Obrigada, Pai, por tudo que pude aprender naquele lugar, com aquelas pessoas.


E Deus cumpriu o que havia nos dito!!!




 
 
 

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