Felipe me ajudou a querer ser melhor
- pandradegomes
- 29 de abr. de 2023
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Foi neste mesmo ano de 2013 que a BTY entrou em um novo propósito. Queríamos encontrar uma instituição de crianças para ajudar. E a escolhida foi a Casa de Apoio à Criança com Câncer (CACC), no bairro de Colégio, no Rio de Janeiro.
Um dia, eu e Eduardo fomos até a CACC para levar os mantimentos e roupas que os membros da BTY haviam levado para doação. Chegando lá, havia um menino muito quieto e de cabeça baixa, acompanhado de sua mãe. Eu e Eduardo oramos o menino de seis anos, chamado Felipe. Sua mãe, Elisângela, nos contou, resumidamente, o que Felipe estava fazendo na Casa de Apoio. Havia uma cirurgia marcada para construir um ânus em Felipe. Ele nasceu sem o orifício do ânus e suas fezes saíam através de duas bolsas de colostomia em seu abdômen.
A visita daquele dia foi bem rápida, pois precisávamos voltar para a congregação. Era uma sexta-feira, dia do nosso culto. Na hora da saída, Elisângela havia perguntado se iríamos no hospital visitar o Felipe. A partir daí, a vida de algumas pessoas mudou para melhor.
Felipe foi internado no Hospital Fernandes Figueira, no bairro do Flamengo, numa manhã de sábado. Durante a semana que ele ficou aguardando a cirurgia, alguns membros da minha congregação iam visitar o menino e dar apoio à mãe. A espera foi de uma semana e ele fez a cirurgia. Como tudo com Felipe é sobrenatural, ele se recuperou excepcionalmente bem. Em quatro dias ele já estava saindo do hospital e voltando para a Casa de Apoio.
Orávamos por ele e falávamos dele a todo momento. Alguns de nós passaram a pensar duas vezes antes de reclamar de uma dor ou desconforto momentâneo. Eu fiquei durante alguns dias pensando nele e vinham pensamentos do tipo: “Não vou reclamar do calor, não vou reclamar que estou com prisão de ventre, não vou reclamar que estou dormindo poucas horas por noite”.
E não posso deixar de falar que essa foi a décima quarta cirurgia da vida do Felipe.
Ele veio lá do Pará e seu jeitinho de falar é bem diferente do nosso. Ele nos faz rir com sua maneira de dizer as coisas. Felipe é um menino feliz. Sua boca fala daquilo que o coração dele está cheio. Ele diz: “Jesus é bom, Jesus cura”.
Ele gosta de helicópteros e ama pastéis. Elisângela nos contou que no hospital no dia em que a nutricionista chegou para dizer que ele iria comer uma sopinha cremosa, ele falou com o maior tom de seriedade: “Poxa vida, por que não me trazem um refrigerante, uma coxinha, um pastel?!” E ainda reclamou que sopinha é muito estranha porque já vem mastigada.
Felipe dá muitos beijos como se já conhecesse a pessoa há um bom tempo. Tenho certeza que quando Felipe nos abraça, Yeshua é quem está nos abraçando e dizendo que nos ama. Felipe é um anjo de Deus que só faz a vida do próximo melhor. Felipe está nos ajudando a querermos ser pessoas melhores.
Elisângela foi dar um testemunho de vida na BTY, no dia dezesseis de novembro. Foi maravilhoso tudo que ela nos contou. Ela relatou tudo que havia se passado com ela, com Felipe e seus familiares. De que ele havia nascido sem ânus e com o esôfago fechado, ele também tinha um sopro no coração, teve hepatite medicamentosa, uma vez ao fazer um exame, o pulmão dele foi perfurado, sua barriga era enorme e suas pernas eram fininhas.
Cirurgias foram realizadas para retirar fezes que haviam virado “pedras” em seus intestinos. Ele então fez duas colostomias e Elisâgela nos contou que as alças intestinais ficavam penduradas batendo uma na outra. Ela e o marido buscaram solução em outros estados e eles viajavam por causa de uma rifa que ela tinha conseguido fazer. Em determinada época, o marido ficou desempregado, ou seja, a situação para qualquer um não era nada favorável, mas Elisângela ressaltou que não passou por momentos de depressão, ela se agarrava à palavra de Deus, orava muito e pedia direcionamento ao Pai. Finalmente, eles vieram parar no Rio de Janeiro e assim nós os conhecemos.
Naquela visita à CACC, na primeira vez que conhecemos o Felipe, Elisângela ficou muito impressionada com o “chapeuzinho” na cabeça do Eduardo. Ela é estudiosa da palavra de Deus e tem o desejo de conhecer Israel e queria muito poder ver e tocar um rolo de Torah (palavra de Deus em forma de um rolo feito de pergaminho). Ela ficou encantada em saber que existe um judeu crente em Yeshua e disse que iria contar isso para sua família quando voltasse para o Pará.
Um dos desejos dela pôde ser realizado. No dia do testemunho era sábado, dia em que tiramos o rolo da Torah de dentro do armário santo para que ela possa circular por entre os membros da congregação. Para nós da BTY, esse cortejo representa a palavra de Deus viva que é Yeshua andando por entre nós. Ela tirou foto, fez filmagem e ficou muito feliz em ver a palavra de Deus ali na sua frente em sua forma original, em hebraico e enrolada da mesma maneira como ela imaginava.
O milagre foi completo. Tudo que estava previsto de bom pelos médicos aconteceu. Felipe se recuperou muito bem, as bolsas de colostomia puderam ser retiradas e Felipe agora pode ir ao banheiro usar o vaso sanitário. Parece uma coisa tão simples e corriqueira para todos nós o uso do assento sanitário, mas para Elisângela e Felipe é o resultado de muita fé, perseverança e confiança em Deus. Elisângela e Felipe nunca conversaram conosco com tom de voz pesado, triste, desconfiado do poder de Deus, ao contrário, Elisângela é uma grande mulher, exemplo de fé para mim e Felipe é benção de Deus na terra, uma criança que venceu algo que parecia impossível para muitos, mas a mãe dele crê no Deus do impossível e Felipe diz para quem tiver ouvidos para ouvir que Jesus cura, que Jesus é bom.
Felipe e Elisângela são servos do Senhor Yeshua, permitindo que suas vidas sejam exemplos para todos nós. As coisas não foram nem um pouco fáceis para os dois, mas de seus lábios não ouvimos reclamações ou murmurações, apenas que: “O justo vive pela fé, que Jesus é bom e que Jesus cura”.
Obrigada Yeshua pela vida desses dois, obrigada pela cura do Felipe. Ele vai crescer falando de ti e será um homem usado pelo Senhor com toda certeza.
Obrigada Felipe por ter me ensinado a querer ser sempre melhor.

Felipe versão adolescente, jogador de futebol. Eu, por sinal, amei a camiseta! Ele quer conhecer Portugal.
Eu creio que você vai!!!
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